O dólar fechou a sessão desta quarta-feira (27) em queda de 0,32%, cotado a R$ 5,4164, enquanto o Ibovespa encerrou em alta, refletindo maior confiança dos investidores no mercado local. O desempenho foi influenciado tanto pelo cenário internacional quanto por dados econômicos brasileiros. Nos Estados Unidos, o foco recaiu sobre o impasse no Federal Reserve (Fed) após Donald Trump anunciar, por meio das redes sociais, a demissão de Lisa Cook, integrante do conselho da instituição e primeira mulher negra a ocupar o cargo. A decisão, considerada uma ameaça à independência do banco central americano, foi contestada por Cook, que prometeu recorrer judicialmente, afirmando não haver motivo legal para o afastamento. O Fed divulgou nota lembrando que seus diretores possuem mandatos fixos e só podem ser afastados por justa causa, destacando que essa proteção é essencial para garantir decisões técnicas baseadas em dados e não em pressões políticas. A disputa abriu espaço para maior volatilidade nos mercados, já que Trump é acusado de tentar influenciar a condução dos juros nos EUA.
No Brasil, o destaque foi a divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostrou a criação de 129,8 mil vagas formais em julho — resultado abaixo da expectativa de 135,5 mil e 32% menor que o registrado no mesmo mês de 2024 (191,4 mil). Esse foi o pior desempenho para o mês desde 2020, quando houve fechamento líquido de vagas. Entre janeiro e julho, o saldo acumulado de empregos formais chegou a 1,35 milhão, queda de 10,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Os números reforçam sinais de desaceleração no mercado de trabalho, o que pode influenciar a estratégia do Banco Central em relação a cortes na taxa Selic. Também repercutiram no mercado as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que defendeu maior engajamento dos estados em debates como a reforma do Imposto de Renda, e do presidente do BC, Gabriel Galípolo, que afirmou que a convergência da inflação à meta segue acontecendo, mas de forma lenta.
No cenário externo, os mercados globais tiveram desempenho misto. Na Europa, as bolsas fecharam sem direção única, refletindo tanto a cautela diante dos resultados da fabricante de chips Nvidia quanto as incertezas políticas na França. O índice pan-europeu STOXX 600 avançou 0,1%, enquanto Londres recuou 0,11% e Frankfurt caiu 0,44%. Já Paris teve recuperação de 0,44% após forte queda no pregão anterior, e Milão perdeu 0,72%. Na Ásia, o sentimento foi negativo, com destaque para as bolsas chinesas: o SSEC de Xangai caiu 1,76% e o CSI300 recuou 1,49%, pressionados pela terceira queda consecutiva nos lucros industriais do país, aumentando preocupações com a demanda e a deflação. O índice Hang Seng de Hong Kong caiu 1,27%, enquanto, em contraste, o Nikkei de Tóquio avançou 0,30%, o Kospi de Seul subiu 0,25% e o Taiex de Taiwan ganhou 0,88%.
Assim, o dia foi marcado por incertezas vindas do cenário internacional, especialmente dos EUA e da China, ao mesmo tempo em que dados locais do mercado de trabalho e falas de autoridades econômicas pautaram as expectativas sobre os próximos passos da política monetária no Brasil.
